maldito transgressor

maldito transgressor
A hipnose é tão aconchegante...
O costume a inércia...
A responsabilidade em ser inteiro adormecida...
A verdade miando lá fora na chuva...
A Televisão que faz o tempo passar tão rápido e confortável...

Não ouço mais os gritos seus
Não ouço mais os gritos meus
Não ouço mais os gritos
Não ouço mais
Não ouço
Não
Ñ
~

HAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA!

domingo, 25 de dezembro de 2011

Poesias/ Pensamentos

Dia desses meu menino deu de surgir no topo daquele monte onde nos encontramos quando me aquieto, debaixo daquela árvore de raízes profundas, a brincar de me contar histórias e a rir demais. Rir do quanto sou sério e trágico às vezes. E, me atirando uma fruta, me interrompe a fala e me deixa a rir com ele. Partilhamos a tal fruta num silêncio confortável.

Um vento derruba algumas pequenas folhas sobre nós, uma delas pousa em seu cabelo e não a tiro.

Quando aparece o sol e tem vento, a gente sai pra empinar pipa, correr...

Hoje tive que sair. Minhas pequenas felicidades se cansaram de mim. O barulho de uma onda me chamou e eu corri.

Porque num gramado muito grande dá vontade de correr para embaraçar o cabelo...

E em cada passo vou me escancarando, pois sei como me vêem aqueles olhos.

Esqueço as piadas que havia ensaiado.

Um redemoinho mais forte me empurra.

O vento e a onda são coisas leves que são fortes...

Afinal o que é que aquele moleque quer de mim?!

... e me pôe no cangote para pegar jabuticabas no alto...

Abro mão, me deixo pelo que não sei. Um aconchego estranho se acolhe no meu cólo e está cá dentro. Não faz mais sentido voltar, nem colher pedras caídas, e corro mais.

Avisto, fruta de muita sede, aquele correndo ao meu encontro. Sua simplicidade e inteireza nos movimentos firmes e entregues ao seu próprio vento, me atordoavam. Atordoado me desequilibro em movimentos impensados e sei que são pedaços meus que havia perdido.

Salto em seu cólo e o abraço. Grudando meu peito no seu e é só.

Dia desses meu menino deu de surgir no topo daquele monte onde nos encontramos quando me aquieto. Estamos os dois aqui e agora.

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Poesias/Pensamentos

Ah, se eu pudesse guardar o tamanho dos encontros... Como palhaço sou ensinado a respirá-los e encher o peito com todas as perfeitas imperfeiçoes dos detalhes que os fazem reais. Dos instantes plenos, de delicadezas, esbarrões e tempos porque são humanos. E o quanto melhores eles são por serem divinamente humanos. Porque me interessam as assimetrias, as imprecisões. Tudo que parte de um pulso vivo. Que me faz acreditar que está realmente aqui na vida.
Ainda assim nao estou livre de querer subir até o topo dos encontros e abraçá-los na ilusão de tê-los pra mim.
E ai me lembro quanto melhor é não poder guardar o tamanho dos encontros. Isso nos faz viver esse tamanho sempre. Porque o que se guarda pode envelhecer. E vivê-lo é estar a passeá-lo sempre por todos os seus espaços, e ampliá-los, e reconhecê-los, e respeitá-los, e cuidá-los, e as vezes simplesmente estender a rede e contemplá-los.
A isso sim se vale o encantamento por algo que nao se possa guardar. Como uma montanha, um mar, como uma estrela...
Mas se pode vivê-los e intensamente, com cheiros, e cores, e gostos.
Se pode encantar e brilhar os olhos, e brilhar sorrisos, se pode buscar girassois de Van Gogh, se pode embriagar-se em vinhos chilenos e fazer piadas fora de hora. Se pode dançar estranhamente livre e esquecer o caminho de casa. Se pode nem ter casa. Se pode deitar na grama pra ver o céu e estar à brincar com nossos ídolos. Começar um filme de qualquer ponto e acreditar, se pode. Se pode ocupar lonas e teatros e cantar alto ou de ponta-cabeça, porque, nao importa como, mas é preciso cantar como é preciso ser. Se pode fazer discursos bregas pra falar de amor. Se pode acreditar nos acasos que acontecem e que nos levam para onde precisavamos ir. Se pode andar sem destino e curtir o caminho e criar tudo. Reinventar os valores, os conceitos e o tempo.
Amo esse frio na barriga que ainda sei ter ao me saber diante de coisas grandes que nao posso guardar - Uma cachoeira de 60 metros! Porque ha algo de acreditar nisso, ha algo de entregar-se a propria vida e ser completo o que se é.
Me arrebata essa sensaçao divina das coisas que somos e nao precisamos guardar. Assim como somos artistas para doar, somos tambem a cachoeira que nao precisamos ter. E somos sim esses encontros e seus instantes pequenininhos que são grandes.
Ah se eu pudesse guardar o tamanho dos encontros...
O tamanho dos encontros nao se guarda moço.
E te digo mais: Tá vendo isso tudo aqui? Já é tudo nosso por estarmos sem armas e com coragem!
Entao tá. Agora presta atençao. Abre a janela. Tá vendo aquela estrela? Aquela a um palmo de braço estendido a frente com um dos olhos fechados a sua direita na mesma linha das tres marias, uma estrela bem brilhante. É uma estrela como tantas, mas é uma estrela, tem ideia do tamanho disso? A ela dei o nome de Luisa, porque achei um carinho descomplicado, para não se ter, simplesmente ser. Pois é tua estrela agora. É teu presente .