maldito transgressor

maldito transgressor
A hipnose é tão aconchegante...
O costume a inércia...
A responsabilidade em ser inteiro adormecida...
A verdade miando lá fora na chuva...
A Televisão que faz o tempo passar tão rápido e confortável...

Não ouço mais os gritos seus
Não ouço mais os gritos meus
Não ouço mais os gritos
Não ouço mais
Não ouço
Não
Ñ
~

HAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA!

terça-feira, 23 de março de 2010

O clown – Luís Otávio Burnier



Segundo Roberto Ruiz, a palavra clown vem de clod, que se liga, etimologicamente, ao termo inglês “camponês” e ao seu meio rústico, a terra (1). Por outro lado, palhaço vem do italiano paglia (palha), material usado no revestimento de colchões, porque a primitiva roupa desse cômico era feita do mesmo pano dos colchões: um tecido grosso e listrado, e afofada nas partes mais salientes do corpo, fazendo de quem a vestia um verdadeiro “colchão” ambulante, protegendo-o das constantes quedas (2).

Na verdade palhaço e clown são termos distintos para se designar a mesma coisa. Existem, sim, diferenças quanto às linhas de trabalho. Como, por exemplo, os palhaços (ou clowns) americanos, que dão mais valor à gag, ao número, à idéia; para eles, o que o clown vai fazer tem um maior peso.

quarta-feira, 10 de março de 2010

Palhaço em Instituições psiquiátricas


Bonito e Comendador


Fred e Nando - Fundadores do Fantásticos Frenéticos.

“O clown encarna os traços da criatura fantástica, que exprime o lado irracional do homem, a parte do instinto, o rebelde a contestar a ordem superior que há em cada um de nós.” Federico Fellini

Esse é apenas um trecho de um texto do Fellini que, é claro, não se encerra nessa simples idéia (nem tão simples assim – maneira de dizer), outros argumentos de seu texto complementarão a reflexão que Fellini fez a respeito do Palhaço. Porém, propositadamente estabeleci esse recorte como fonte da minha reflexão sobre a presença do palhaço na instituição psiquiátrica.

Ao refletir sobre esse exato trecho escrito por Fellini, sinto que exercemos um papel, ali dentro da instituição psiquiátrica, que não é só tangível aos pacientes. Tão importante quanto, é essa nossa relação com os médicos, psicólogos, assistentes e funcionários que vão ficar em contato com esses pacientes quando formos embora. Quando oferecemos nossa presença naquele ambiente, de certa forma abrimos também um novo “lugar” onde, por alguns minutos, essas pessoas todas podem se relacionar de uma maneira diferente, se expressar de uma maneira diferente e fazer “bobagens” que dentro da “ordem” não poderiam ou seriam julgadas inadequadas. Acredito que ali o palhaço pode ser uma “ponte” entre esses pontos de vistas diferentes de um mesmo mundo. Pois do que mais estamos falando se não do “rebelde a contestar a ordem superior que há em cada um de nós”? Qual é o equilíbrio correto desse rebelde e da ordem para viver socialmente? Do racional e do irracional? Do impulso e do controle? Onde podemos assumir esse rebelde instintivo e, poeticamente, deixá-lo extrapolar a ordem superior? E quem, de uma forma ou de outra, não sabe desse rebelde e dessa ordem?
Pra mim, praticamos esse dever poético de romper, com simplicidade, a dita “realidade existente” ou as estruturas socialmente “adequadas” ou a ordem superior, mas o devemos fazer como sem saber que estamos rompendo. Assim oferecemos, dentro da instituição psiquiátrica, possibilidades alternativas. Caminhos alternativos (para os dois lados) de se verem e vivenciarem essas “realidades” e transformá-las por conseqüência ou colocá-las em comunicação. Podemos catalizar essa cumplicidade pois talvez possamos passear com maior naturalidade entre esses dois campos. Sinceramente, pensando na sociedade de hoje diria que há dois campos em desequilíbrio: um mais aceito, mas também em desequilíbrio pelo excesso da “ordem interna autoritária”, e outro que causa medo pelos excessos do rebelde. Não ousaria aqui generalizar de maneira simplista os males psiquiátricos, só tomo a licença de poetizar sobre a comunicação dos dois lados defendendo o não distanciamento e o não preconceito. Claramente são desequilíbrios bastante diferentes, mas o são – desequilíbrios.

Nada é por si só, nem uma doença, nem um ambiente, nem um trabalho, nem uma pessoa, nem um sofrimento e nem um distúrbio (seja ele de que ordem for). Tudo é pela forma de nos relacionarmos com ela (tanto conosco e com os nossos como com o outro e com o dos outros). Até a morte é a relação que se tem com ela. Não tenho dúvidas de que a maneira com que o palhaço propõe algumas relações lá dentro desse espaço cria possibilidades de transformações reais na leitura das pessoas sobre certos “conceitos”.Ou pelo menos a ampliação de um leque de alternativas. E consequentemente a posibilidade de comunicação, compreensão e aproximação.



Danilo Dal Farra


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